JCP 8º Congresso

A luta dos trabalhadores <br>contra o ataque do capital

Intervenção de Valter Lóios

Nos três anos que nos separam do VII Congresso, os trabalhadores tiveram de fazer frente a uma vasta e violenta ofensiva desencadeada contra os seus direitos, condições de vida e conquistas democráticas, primeiro protagonizada pelo governo da coligação PSD/CDS-PP, e agora pelo actual governo PS.
Nos dias de hoje e cada vez mais se tem intensificado essa ofensiva de cariz conservadora e neoliberal enquadrada pelo processo de globalização aprofundada e dinamizada pelo grande capital.


Por isso os trabalhadores e particularmente os jovens trabalhadores deparam-se com profundas alterações na estrutura produtiva e nos serviços, inclusive na administração pública: privatizações, reestruturações, deslocalizações, encerramentos e outras medidas com efeitos nocivos para as suas condições de trabalho e de vida.
Por outro lado o Código do Trabalho aprovado pelo anterior governo do PSD/CDS-PP e mantido e aprofundado pelo actual governo ao arrepio das promessas eleitorais do PS é um instrumento utilizado pelos patrões para limitar importantes direitos dos trabalhadores, em especial o direito de contratação colectiva. Isso constitui um dos mais violentos ataques feitos aos direitos laborais dos trabalhadores desde o 25 de Abril de 74.
É assim que estamos perante o criminoso boicote e bloqueamento da contratação colectiva, a chamada moderação salarial e o aumento do custo de vida, a crescente precariedade dos vínculos laborais que leva à acentuação sem precedentes da instabilidade no emprego e ainda ao crescimento do já elevado desemprego.
Simultaneamente o patronato exerce uma forte acção repressiva sobre a organização dos trabalhadores e a repressão selectiva sobre os quadros sindicais.
Contra esta política de direita, desenvolveu-se uma ampla e justa luta, traduzida em centenas de pequenas e grandes acções de massas, na qual mais uma vez a classe operária e os trabalhadores se afirmaram como a força impulsionadora e mais combativa da frente social de luta contra a política de direita.
Confirmou-se igualmente que esta participação ampla e empenhada é inseparável da existência, de uma forte e prestigiada organização sindical de classe, que é a CGTP-IN, e no plano político de um forte e combativo partido da classe operária, que é o PCP e a JCP, que pela sua natureza de classe assume a luta intransigente pela defesa dos interesses dos trabalhadores.
A existência de um movimento sindical de classe bem como do partido da classe operária e de todos os trabalhadores correspondem às exigências do desenvolvimento da organização e da luta contra o capital. Não podemos no entanto ignorar que os movimentos operário e sindical, apesar de toda a sua vitalidade, enfrentam problemas e dificuldades diversas a que importa dar atenção e ultrapassar, constituindo a 41.ª Conferência sobre Organização Sindical a promover pela CGTP-IN no próximo mês de Novembro uma iniciativa de relevante significado para o reforço da organização sindical.

Organizar é preciso

A organização dos trabalhadores é o mais poderoso instrumento ao nosso alcance para o desenvolvimento da luta.
A unidade e a organização dos trabalhadores, com altos e baixos ao longo da história, jamais estiveram totalmente conseguidas e por isso, construí-las são tarefas permanentes de cada um e de todos os jovens comunistas e activistas sindicais, no dia a dia do nosso trabalho.
Para organizar e unir os trabalhadores, importa conhecer o contexto em que intervimos, conhecer as forças que temos, saber quais os problemas e anseios dos trabalhadores em cada momento e em particular no local de trabalho, onde quer que este se situe, ter presente que a organização e o seu reforço são inseparáveis da acção concreta e da participação dos trabalhadores. Precisamos de identificar quais são as questões essenciais a tratar, mas colocando sempre em primeiro lugar
o local de trabalho e a sindicalização do trabalhador como objectivo fundamental.
É neste sentido que a JCP tem trabalhado.
Existindo ainda atrasos resultantes das debilidades de organização e dificuldades encontradas no desenvolvimento do trabalho, é justo referir a existência de avanços muito significativos desde o 7.° Congresso.
Havendo diferenças muito grandes de região para região, reforçou-se o contacto regular com camaradas jovens trabalhadores, responsabilizaram-se camaradas por esta frente de trabalho, dinamizaram-se campanhas nacionais e regionais, criaram-se colectivos de jovens trabalhadores com actividade e intervenção próprias.
De uma forma geral, existe uma maior presença da JCP nas empresas e locais de trabalho. No entanto, é possível e necessário fazer mais e melhor, nomeadamente no que toca ao recrutamento, à responsabilização de camaradas e distribuição de tarefas, à consciencialização para a importância da sindicalização e à venda do Avante! aos militantes à porta das empresas.
O reforço do trabalho nesta área e a concretização das linhas de acção que a JCP tem vindo a traçar só é possível com o envolvimento de quadros jovens trabalhadores e de camaradas que tenham a responsabilidade por esta frente de trabalho nas regiões, com a criação de mais colectivos de jovens trabalhadores, com o reforço do recrutamento de jovens trabalhadores, com o intensificar da presença da JCP e do Partido nos locais de trabalho, dando mais atenção aos
camaradas que ingressam no mundo do trabalho, aprofundando o conhecimento sobre a realidade laboral dos jovens, com a definição das empresas e locais de trabalho prioritários para a nossa acção.

Campanha de sindicalização

Com toda esta ofensiva, impõe-se que também no plano unitário a organização juvenil da CGTP-IN a INTERJOVEM se reforce organicamente e tenha uma maior intervenção nos locais de trabalho. Foi neste sentido que a INTERJOVEM realizou a sua 5.ª Conferência, em Julho de 2005, reforçando a sua organização para uma maior acção de esclarecimento e intervenção, em defesa dos direitos e na resolução dos problemas concretos dos jovens trabalhadores.
A INTERJOVEM tem dinamizado várias acções das quais se destaca a iniciativa do dia 28 de Março (Dia Internacional da Juventude) com uma grande acção de massas amplamente participada pela juventude trabalhadora, o que já não se fazia há muitos anos, e que contou com a participação de mais de 1500 jovens de todo o país e com o envolvimento de todo o movimento sindical, em luta contra a precariedade, o desemprego e os baixos salários.
Presentemente está em curso uma campanha de sindicalização já com resultados positivos. É uma iniciativa oportuna, pois verifica-se a existência de um elevado número de jovens não sindicalizados, e pese embora os boicotes à sindicalização por parte das entidades patronais e a repressão no local de trabalho, temos que intensificar a acção sindical e o recrutamento de novos sindicalizados e a eleição de novos delegados sindicais em cada vez mais locais de trabalho.
Este reforço da organização sindical nos locais de trabalho é necessário para ampliarmos o caudal de luta contra política de direita e exigirmos uma alternativa política que responda aos problemas do País e dos trabalhadores e particularmente dos jovens.
Por isso é cada vez mais necessário uma CGTP-IN mais forte, mais coesa, que através da sua intervenção, organização e luta alargue a sua influência junto dos trabalhadores.



Mais artigos de: Temas

8.º Congresso da JCP

O Avante! prossegue hoje a publicação de intervenções apresentadas no 8.º Congresso de JCP, realizado em Gaia a 20 e 21 de Maio.

Levar a teoria à prática

Intervenção de Francisco LeitãoCitando os Princípios Orgânicos da nossa organização: «A JCP assume-se, pelos seus objectivos, propostas e acção no desenvolvimento do movimento das lutas juvenis, como organização revolucionária da juventude.»Sendo evidente a importância de assim nos assumirmos nos Princípios Orgânicos é...

A importância da política de fundos

Intervenção de Patrícia Machado Estamos a realizar o nosso 8.° Congresso, órgão máximo da JCP, momento único de participação, discussão e afirmação da nossa organização. O culminar de um longo processo de preparação, de participação e discussão colectiva que chegou junto de milhares de jovens e em que cada camarada,...